O senso de realidade permite também uma avaliação relativamente exata de nós mesmos e do mundo exterior. Aceitar a realidade significa aceitar as limitações e as falhas do mundo – e as nossas. Significa também criar objetivos possíveis, compromissos e substitutos dos nossos desejos infantis, porque...
Porque, como adultos saudáveis, sabemos que a realidade não pode nos oferecer segurança perfeita nem amor incondicional. Porque, como adultos saudáveis, sabemos que a realidade não pode nos fornecer tratamento especial ou controle absoluto.
Porque, como adultos saudáveis, sabemos que a realidade não pode compensar os desapontamentos passados, os sofrimentos e as perdas.
E porque, como adultos saudáveis, finalmente chegamos a compreender, no desempenho dos papéis de amigo, cônjuge, progenitor, a natureza limitada de todos os relacionamentos humanos.
Porém, o problema com a idade adulta saudável é que poucos são consistentemente adultos. Além disso, nossos objetivos conscientes são muitas vezes sabotados inconscientemente. Pois os desejos infantis que vemos às vezes nos sonhos ou nas fantasias exercem grande poder fora do nosso conhecimento consciente. E esses desejos infantis podem onerar nosso trabalho e nosso amor com expectativas impossíveis.
Exigindo demais das pessoas que amamos ou de nós mesmos, não estamos sendo – quem realmente o é? – os "adultos saudáveis" que devemos ser. Crescer exige tempo, e pode demorar muito aprender a equilibrar os sonhos com as realidades.
Podemos levar muito tempo para aprender que a vida é, na melhor das hipóteses, "um sonho sob controle" – que a realidade é feita de conexões imperfeitas.
Judith Viorst